Todo mundo tem seu favorito, pode
ser aquele batom que você não empresta para ninguém, o livro que você rele todo
ano, a prima que você liga quando quer companhia, o sapato que nem te serve
mais, mas continua enfurnado na sapateira ou o brinco coringa que você só usa
na mais especial das ocasiões. Eu tenho uma blusinha mais arrumada que me
salva, a uso sempre que me sinto feia e que nenhuma roupa me cai bem. É bom ter
favoritos.
Vamos expandir um pouco mais esta
coleção apaixonante. Vamos adicionar revistas, programas de tevê, perfis no Twitter,
artistas e escritores. Quando era menor era encantada pela Glória Maria e pela Fátima
Bernardes. Não entendia a maioria das noticias que elas davam, mas vibrava ao
ver a Glória toda lindona viajando o mundo. Queria mandar cartas e falar com
elas, mas não fazia a mínima ideia de como entrar em contato, mandar um e-mail
de fã mesmo. E todo esse fanatismo ficou por isso mesmo.
Hoje é muito mais fácil entrar em
contato com alguém assim. Tem o endereço de e-mail em todo lugar, a página no
Facebook, o perfil no Twitter, o site, o isso e aquilo. Mil maneiras práticas
de mandar uma mensagem. Toda essa facilidade também criou um obstáculo: ser
ouvida. As mensagens se multiplicaram absurdamente, ao ponto da pessoa idolatrada
não ter a chance de ler todas elas. Ai eles são obrigados a contratar alguém a
fazer isso por eles. Mas eu não quero que o assistente leia meu e-mail
adorador. Quero que o adereçado leia e responda ainda por luxo! Mas isso é
querer de mais.
Toda essa facilidade faz muita
gente perder a noção do que é ser uma fã. Eu que sempre fui uma idólatra
passiva, que de vez em quanto deixa um elogio no caminho. Entendo quem gosta de
demonstrar todo seu amor, mas vamos com calma, sim? Isso: “Oi! Eu amo você! Me segue
de voltaa?” ou ainda “Vc é linda! Te amoo!” é bem diferente disso: “Oi! Adorei
seu texto/photo/trabalho de hoje!”. Muita gente quer só chamar a atenção. Falar
que gosta de alguém, mas nem conhece seu trabalho. Diz que é aficionado por
Clarisse Lispector, mas nunca leu um livro se quer dela. Uma novidade: A
maioria das frases no Twitter assinadas por ela, não são dela.
É tão bom ter um trabalho
reconhecido, tenho certeza que todas essas pessoas adoram receber elogios e
criticas construtivas todos os dias lotando a caixa de entrada. Mas falta uma
dose de bom senso. Chega a ser ofensivo ver alguêm tentar ganhar atenção as custas da fama alheia. Honestidade para quem precisa.