Hoje foi um dia relativamente importante para mim, que eu
pretendo me lembrar pelo resto da minha vida. Acontece que ninguém me perguntou
como ele foi. Eu estava só esperando a oportunidade para contar todas as minhas
novidades, o dia terminou, a novela das nove já estava no fim e ninguém tinha me
perguntado nada. Ai eu lembrei que havia criado um blog, e que nele eu podia
falar do que quiser. Sem ninguém ter perguntado mesmo. Isso me encheu de
alegria. Gosto de pensar que alguém vai ler sobre esse dia.
Bom, minha quinta-feira, 17 de maio de 2012, começou às cinco
da manhã. Geralmente eu acordo as seis e vinte, mas eu estava tão ansiosa que meu
estomago dava piruetas na minha barriga e parecia que eu acordava de dez em dez
minutos. O motivo de toda essa agitação era que logo pela manhã eu ia,
finalmente, fazer a minha prova pratica de carro. Eu não sabia dirigir quando
assinei um contrato com a autoescola e aprendi tudo em 20 horas, num Gol
novinho, ao lado do instrutor mais querido da cidade.
Lá pelas seis horas eu levantei de vez da cama, num pulo só.
Quando empurrava uma torrada com requeijão pra dentro, revia os passos da baliza
com a minha mãe. Estava tão nervosa que não percebi os gritos que eu dava
enquanto me resumia e acabei acordando a casa inteira. Cheguei ao local da
prova lá pelas sete e meia. Encontrei uma mulher da minha autoescola que não parava
de falar que estava com medo, o que irrita para caramba! É o mesmo esquema
vestibular, não fique perto de quem esta nervosa, porque você vai acabar
ficando também.
Logo eles formaram uma fila de cada autoescola e eu acabei lá
no fim, uma das últimas. Adorei a ideia porque teria menos gente esperando e eu
teria tempo de pensar e me acalmar. Encontrei mais três pessoas do cursinho e
fiquei perto deles. Um deles era a primeira da minha fila então eu saberia
quando tivessem começado a chamar. Estávamos os quatro juntos quando de repente
meu instrutor grita meu nome: MARIIIIINAAA! Eu levei um susto imenso, dei dois
pinotes pra cima e corri para o carro. Eu não acredito que já estavam me
chamando! Eu entrei no carro com a cabeça girando, o instrutor estava muito
nervoso, acho que ele queria que eu passasse. Ele gritava: Coloca esse cinto!
Liga a seta! O carro já tá ligado heim! Não esquece o freio de mão!
Eu não sei como consegui pisar na embreagem, meus pés tremiam.
Minhas mãos escorregavam do volante, mas a adrenalina me movia. O delegado fez
um sinal de “vem comigo” e eu comecei. Entrei de primeira na vaga, isso nunca
tinha acontecido. Eu não sabia o que fazer. Não tinha certeza de que o carro
estava bem estacionado, se arrumava mais ou o quê. Fiquei parada por alguns segundos
que pareceram minutos, o delegado abaixou e falou que eu podia sair. Comecei a
relaxar. Dei seta, fui para trás e sai com o carro. Minha perna direita
praticamente pulava no pedal.
Sai do carro aos pulos, sabia que tinha passado por esta
primeira fase. Mas ainda faltava o percurso. Que foi super tranquilo. Meus amigos
me colocaram a maior pilha, mas o delegado que foi do meu lado era o mais
bonzinho do mundo. Logo que entrei no carro não conseguia soltar o freio de
mão. Pensei: “Pronto, nem do lugar consigo sair.” Ele me ajudou e falou que eu
quando estivesse pronta podia sair com o carro, mais uma vez liguei a seta.
Depois foi tranquilo. Quando parei dentro do estacionamento ele disse que eu
estava aprovada. De novo eu saí do carro saltitando, dei um abraço no meu instrutor
e agradeci muito.
Depois fui a pé até o colégio, estava à flor da pele, e
precisava descarregar aquela energia. Foi uma boa caminhada, por volta de
quarenta minutos. Cheguei toda orgulhosa no cursinho e assisti as ultimas três aulas.
Às três horas tinha consulta com o dentista, então fui almoçar e fiquei
desanimada pensando o que faria até lá. Por sorte encontrei uma colega da
escola antiga e ficamos uma hora conversando sobre faculdade, vestibular e etc.
Subi para o centro e esperei bastante no consultório, mas prevenidamente levava
comigo um livro.
Quando cheguei em casa ás quatro horas. Recolhi as roupas do
varal, coloquei uma nova leva para bater na máquina, lavei a louça e tomei
banho. Quando finalmente achei que iria ter sossego, olhei para minha pilha de
livro e ela olhou de volta. Sentei na minha escrivaninha e estudei só um
pouquinho. Estava exausta, comi e entrei debaixo de duas cobertas na companhia
do mesmo livro.